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História Geral da África, I: A Pré-História da África Oriental

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Este é o resumo de A Pré-História da África Oriental, capítulo 19 de História Geral da África, organizada pela UNESCO. Boa leitura!

A pesquisa pré-histórica: introdução à metodologia

A Idade da Pedra teve início quando os primeiros hominídeos começaram a fabricar, de maneira regular, utensílios de pedra. Essa associação de capacidades físicas e mentais para fazer utensílios – em outras palavras, a superação de sua condição biológica – e a crescente dependência dessas habilidades e atividades extrabiológicas, ou seja, culturais, distinguem o homem dos outros animais e definem a humanidade.

A fabricação de utensílios – e a humanidade – podem ter começado antes da data sugerida pelos primeiros utensílios líticos identificáveis, marco inicial da Idade da Pedra. A Idade da Pedra iniciou-se há aproximadamente 3 milhões de anos e durou até uma fase bem mais recente da história humana, quando a pedra foi substituída pelo metal enquanto material básico para a fabricação de utensílios e para a produção de gumes afiados.

A Idade da Pedra foi testemunha de mutações e diferenciações no corpo e no cérebro humanos, na economia, na organização social e na cultura, a par do desenvolvimento técnico revelado por testemunhos arqueológicos.

Por encerrar informações inestimáveis sobre o homem primitivo, sua cultura e a ecologia dos primatas, a África oriental tornou-se o centro mundial das pesquisas sobre a vida, o meio ambiente e a origem do homem.

Cronologia e classificação

Enquanto na maior parte da Ásia, Europa e da África do Norte a Idade da Pedra foi dividida convencionalmente em Paleolítico, Mesolítico e Neolítico, na África ao sul do Saara a “Stone Age” é considerada e estudada em três grandes períodos – Early, Middle e Late. Os três períodos da África são datados aproximadamente da seguinte maneira:

a) Early Stone Age (ou Old Stone Age): da época dos primeiros utensílios de pedra (isto é, há 3 milhões de anos) até por volta de 100 mil anos atrás.

b) Middle Stone Age: de aproximadamente 100 mil anos até 15 mil anos atrás.

c) Late Stone Age: de 15 mil anos atrás até o início da Idade do Ferro (que ocorreu há 2 mil anos na maioria das regiões).

Early Stone Age

Primeira fase

Os mais antigos utensílios de fabricação humana conhecidos datam de um período entre 2 ou 3 milhões de anos e ao menos 1 milhão de anos passados. A maioria dos arqueólogos prefere chamar essa fase de Olduvaiense, de Olduvai, no norte da Tanzânia, onde esses utensílios foram descobertos e descritos pela primeira vez.

Segunda fase

O Acheulense ou “civilização dos bifaces” encontra-se tão difundido na África quanto o Olduvaiense, e os sítios a ele relacionados são muito mais numerosos, fato que se pode atribuir não só a uma população maior, como também à crescente produção de utensílios de grandes dimensões, facilmente identificáveis. Ao contrário do Olduvaiense, o Acheulense estende -se para além do continente africano – onde teve início há mais de 1 milhão de anos – até o oeste e o sul da Ásia, e pela Europa ocidental e meridional. Utensílios olduvaienses e acheulenses foram produzidos e usados simultaneamente por várias centenas de milênios, há cerca de 1 milhão de anos.

As técnicas acheulenses, com um lascamento mais preciso, regular e sistemático nas duas faces, executado mais frequentemente com um percutor de madeira cilíndrico ou osso longo de animal que com um percutor de pedra (como no Olduvaiense), permitiriam a produção de instrumentos maiores, com bordos cortantes mais longos e de lascas mais afiadas, utilizadas como facas.

As primeiras evidências do uso do fogo na África oriental foram descobertas em contextos arqueológicos que continham indústrias do Acheulense Evoluído. É muito provável que na África o fogo fosse conhecido e alimentos cozidos fossem frequentemente consumidos durante grande parte do Acheulense.

Middle Stone Age

As populações da Middle Stone Age pertenciam à espécie Homo sapiens. Por volta do fim desse período, não só o homem moderno (Homo sapiens sapiens) já devia ter surgido, como também estariam bastante desenvolvidas, na África e em outras regiões, as características físicas das raças hoje existentes.

Em termos tecnológicos, tornou-se cada vez maior o emprego de uma técnica mais complexa, que permitiu a produção de utensílios menores, mais finamente trabalhados, mais eficientes, e deu ensejo, na segunda fase da Middle Stone Age, ao encaixe de utensílios de pedra lascada em um cabo de madeira ou de outro material.

Late Stone Age

Entre 10 e 20 mil anos atrás, essas técnicas ainda mais complexas de fabricação de utensílios de pedra tornaram-se comuns. O encabamento já se tornara uma prática evoluída e comum. Frequentemente, vários micrólitos eram fixados em sequência numa fenda de um cabo de madeira, constituindo, assim, um “instrumento compósito”, como uma faca ou serra.

Foi provavelmente nessa época que o arco e a flecha começaram a ser utilizados na caça. Alguns acampamentos da Late Stone Age localizavam -se em campo aberto, perto de cursos d’água ou lagos, e é possível imaginar a existência de abrigos ou choças feitos com estacas, arbustos e talvez cobertos com peles.

Nessa mesma época, era comum a ocupação de abrigos sob rocha (às vezes incorretamente descritos como cavernas). Esses abrigos naturais localizavam -se sob falésias, ao longo de certos vales, ou sob enormes blocos de granito, onde quer que houvesse proteção contra a chuva e o vento forte sem que se reduzisse muito a claridade. Alguns abrigos foram habitados de maneira regular ou intermitente por centenas e mesmo milhares de anos durante a Late Stone Age. Esse fato explica as sucessivas camadas de restos, geralmente cinzas das fogueiras ossos dos animais consumidos, utensílios de pedra e resíduos de sua fabricação.

A existência de uma antiga tradição comum, remontando a vários milênios até o início da Late Stone Age, talvez até a Middle Stone Age, poderia explicar as semelhanças gerais entre a arte dos caçadores da Tanzânia e a dos caçadores do sul da África. O mesmo acontece com as indústrias líticas dessas duas regiões, as quais, embora não sendo idênticas, têm em comum algumas características gerais (descritas frequentemente, por aproximação, como wiltonienses).

A tradição dos pescadores da África central e oriental

Há 8-10 mil anos, o clima da África era muito úmido. Nessas condições, um modo de vida marcado por avançadas técnicas de pesca e de construção de embarcações difundiu -se por todo o continente, da costa atlântica até a bacia do Nilo. Essa “civilização aquática” foi encontrada em numerosos sítios arqueológicos nas terras altas do Saara e na orla sul do deserto, desde o Alto Níger, passando pela bacia do Chade, até o Nilo Médio, e desse ponto para o sul, até os vales de desabamento (rift valleys) da África oriental e Equador.

A partir de aproximadamente 5 mil anos antes da Era Cristã, os efeitos do ressecamento geral do clima começaram a ser sentidos. O nível dos lagos baixou, e a economia de exploração dos recursos aquáticos sofreu um declínio. Durante o segundo e o primeiro milênios antes da Era Cristã, novas populações, vindas da Etiópia, chegaram à região, trazendo gado e provavelmente algumas praticas agrícolas.

Leia a íntegra do texto aqui.

Bibliografia:

SUTTON, J. E. G. A Pré-História da África Oriental . In: História geral da África, I: Metodologia e pré-história da África. 2.ed – Brasília: UNESCO, 2010.

Rolf Amaro

Nascido em 83, formado em Ciências Sociais, músico, sempre ando com um livro na mão. E a Ana,minha senhora, na outra.

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