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História Geral da África, I – A Hominização: Problemas Gerais

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Este é o resumo das duas partes de A hominização: problemas gerais, capítulo 17 de História Geral da África. Boa leitura!

A hominização: problemas gerais PARTE I

Os dados paleontológicos

O homem é um mamífero, mais exatamente, um mamífero placentário. Pertence à ordem dos Primatas.

Critérios paleontológicos

Os primatas diferenciam-se dos outros mamíferos placentários pelo desenvolvimento precoce do cérebro, pelo aperfeiçoamento da visão, pela redução da face, pela substituição das garras por unhas chatas, e pela oposição do polegar aos outros dedos. Os primatas classificam-se em prossímios e símios. O homem pertence a este segundo grupo, que se caracteriza por um aumento da estatura, pelo deslocamento das órbitas na face e consequente melhoria da visão, e pela independência das fossas temporais.

Entre 20 e 40 milhões de anos atrás Qualquer que seja a relação de parentesco entre esses primatas, o interessante do período está em mostrar que, há 30 milhões de anos, havia no nordeste da África uma grande variedade de pequenos primatas prenunciando todos os que existem hoje: Cercopithecidae, Pongidae, Hylobatidae e Hominidae. As linhas fundamentais estavam traçadas.

Entre 10 e 20 milhões de anos atrás O importante no momento não é saber quem é o ancestral de quem. Aliás, várias linhagens estão representadas aqui. Mas, com esses quatro gêneros do Mioceno e do Plioceno, vem-nos a imagem de um primata que, vivendo na floresta, parece, pela primeira vez, ir procurar parte de seu alimento em zonas abertas, em torno dos lagos e nas margens dos rios. Novos modos de vida vão evidentemente surgir com essa saída da floresta. É o prenúncio da conquista das planícies e, com ela, do bipedismo.

Entre 10 e 1 milhão de anos atrás No Plioceno e no Pleistoceno, entre 10 e 1 milhão de anos atrás, encontramo-nos na presença de um grupo ao mesmo tempo polimorfo e muito localizado, os australopitecíneos. O conjunto de descobertas limita a área de distribuição do Australopithecus às regiões oriental e meridional da África.

Datação

Os australopitecíneos parecem ter surgido entre aproximadamente 6 e 7 milhões de anos atrás e ter desaparecido há cerca de 1 milhão de anos.

Indústrias

Pode-se afirmar que, devido a descobertas da bacia pliopleistocênica do lago Turkana, a idade dos primeiros instrumentos lascados recuou para mais de 2.500.000 anos, ultrapassando em quase 2 milhões de anos a idade das mais antigas indústrias conhecidas até então.

Essa primeira indústria da história é constituída por uma grande quantidade de lascas obtidas artificialmente por percussão e utilizadas por causa de seu gume, de seixos cuja ponta ou gume foi aguçado e de ossos ou dentes trabalhados ou utilizados diretamente, quando sua forma assim o permitia (por exemplo, caninos de hipopótamos ou de suínos). Em outras palavras, não estamos, há 2.500.000 anos, na origem dos utensílios, mas provavelmente nos aproximamos dos limites de sua percepção; antes daquela data, o artefato se confunde com os objetos naturais.

Foi no interior desse grupo de Australopithecus que apareceram o gênero Homo e o utensílio fabricado. Este logo se torna a característica distintiva de seu artesão; vários tipos de instrumentos são criados para finalidades precisas; sua fabricação é ensinada. Por último, aparecem estruturas de habitação. É a partir desse ponto de vista que se pode falar de uma origem africana da humanidade.

Conclusão

O homem aparece, portanto, ao fim de uma longa história, como um primata que um dia aperfeiçoa o utensílio que vem usando já há muito tempo. Utensílios fabricados e habitações revelam de súbito um ser racional que prevê, aprende e transmite, constrói a primeira sociedade e lhe dá sua primeira cultura. É como se, há 6 ou 7 milhões de anos, nascesse no quadrante sudeste do continente africano um grupo de hominídeos denominados australopitecíneos, e, entre 2,5 e 3 milhões de anos atrás, emergisse desse grupo polimorfo um ser, ainda Australopithecus ou já Homem, capaz de trabalhar a pedra e o osso, construir cabanas e viver em pequenos grupos, representando, através de todas as suas manifestações, a origem propriamente dita da humanidade criadora, do Homo faber.

O último milhão de anos O último milhão de anos viu nascer o Homo sapiens e assistiu, durante os últimos séculos, à sua alarmante proliferação.

A hominização: problemas gerais PARTE II

Os dados arqueológicos

Ao tratar do problema da “hominização” na África, o procedimento do pré-historiador é bastante diferente daquele empregado pelo paleontólogo. Para este último, a hominização é o desenvolvimento progressivo do cérebro que permite ao homem conceber e criar um conjunto de utensílios tão diversificado e eficiente que multiplica, ao longo dos milênios, sua ação sobre o meio ambiente, a ponto de romper, em seu próprio proveito, o equilíbrio biológico. A evolução paleontológica que conduz ao homem não permite definir facilmente o “limiar” da hominização; a pedra lascada demonstra que esse limiar já foi transposto.

A posição do pré-historiador justifica-se: o verdadeiro missing link (elo perdido) não é a forma intermediária entre australopitecíneos e pitecantropíneos, entre o homem de Neandertal e o Homo sapiens. Está entre as pedras ou os ossos lascados e esses fósseis. Portanto, para o pré-historiador existe um “limiar técnico” que, uma vez transposto, abre o caminho do progresso até nós. A definição desse limiar exige a solução de dois problemas: como e quando. O primeiro problema implica eliminar todas as causas naturais para poder reconhecer no utensílio a mão do homem. O segundo implica dispor de esquemas cronológicos que permitam datar, com um grau de aproximação aceitável, as mais remotas evidências da indústria humana. Até o presente momento, somente a África forneceu respostas para esses dois problemas.

O homem fez sua entrada em silêncio, e são as pedras por ele lascadas que, muito tempo depois, denunciam sua existência. A responsabilidade do pré-historiador torna-se, então, enorme, pois ao identificar os mais antigos traços perceptíveis de indústrias humanas, ele fornece um elemento de prova que a Paleontologia é incapaz de dar: “Através do utensílio, chegar ao homem. Esta é a finalidade admirável da Pré-História”.

O utensílio é, sem sombra de dúvida, um critério de hominização? Para que um utensílio possa ser considerado critério de hominização, devemos considerar necessariamente o aspecto da transformação deliberada, da “preparação” desse instrumento.

O utensílio nos permite delimitar o início da hominização?Na verdade, o utensílio não nos permite delimitar o início da hominização.

O utensílio humano pode ser identificado? Concluindo do que acima expusemos, devemos nos limitar a provar a ação intencional do homem sobre os “utensílios” mais rudimentares, menos elaborados. Só a África fornece material suficiente para essa pesquisa, que se concentrará em duas áreas: o osso e a pedra.

Neste ponto, os problemas das indústrias do osso e da pedra em sua origem são os mesmos. Nenhuma prova tecnológica ou morfológica pode ser obtida. Não há nenhum sinal “clássico” de ação humana.

Na opinião dos pré -historiadores da África, ainda que os instrumentos de osso e de pedra atestem que há mais de 2.500.000 anos estava em marcha um processo cerebral de hominização, não foi nessa época que ele se iniciou.

Leia a íntegra do texto aqui.

Bibliografia:

COPPENS, Yves e BALOUT, Lionel. A hominização: problemas gerais. In: História geral da África, I: Metodologia e pré-história da África. 2.ed – Brasília: UNESCO, 2010.

Rolf Amaro

Nascido em 83, formado em Ciências Sociais, músico, sempre ando com um livro na mão. E a Ana,minha senhora, na outra.

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