O Capital: O Dinheiro ou a Circulação de Mercadorias

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Resumo de O Capital – Dinheiro ou a Circulação de Mercadorias. É o capítulo 3 da obra de Karl Marx. Boa leitura!

1. Medida dos valores

A fim de simplificar, pressuponho sempre neste escrito o ouro como a mercadoria monetária. A primeira função do ouro consiste em representar os valores das mercadorias como grandezas de mesma denominação, qualitativamente iguais e quantitativamente comparáveis.

Assim, ele funciona como medida geral dos valores e é por meio dessa função que o ouro se torna inicialmente dinheiro. A expressão de valor de uma mercadoria em ouro é sua forma de dinheiro ou seu preço.

2. Meio de circulação

a) A metamorfose das mercadorias

Na medida em que o processo de troca transfira mercadorias da mão em que elas são não-valores de uso para a mão em que elas são valores de uso, ele é metabolismo social. Uma vez tendo alcançado o lugar em que serve de valor de uso, a mercadoria cai da esfera de intercâmbio das mercadorias na esfera do consumo. Apenas a primeira é que nos interessa aqui.

O processo de intercâmbio da mercadoria opera-se por meio de duas metamorfoses opostas e reciprocamente complementares — transformação da mercadoria em dinheiro e sua retransformação de dinheiro em mercadoria: M — D — M

M — D. Primeira metamorfose da mercadoria ou venda. A um dos possuidores de mercadoria o ouro substitui sua mercadoria e ao outro a mercadoria substitui seu ouro.

D — M. Metamorfose segunda ou final da mercadoria. D — M, a compra, é ao mesmo tempo venda, M — D; a última metamorfose de uma mercadoria é, simultaneamente, a primeira metamorfose de outra mercadoria. A metamorfose final de uma mercadoria constitui, assim, uma soma de primeiras metamorfoses de outras mercadorias. O processo em seu conjunto apresenta-se como circulação de mercadorias. Como mediador da circulação das mercadorias, o dinheiro assume a função do meio circulante.

b) O curso do dinheiro

O curso do dinheiro mostra uma constante repetição do mesmo processo. O dinheiro afasta as mercadorias constantemente da esfera de circulação, ao colocar-se continuamente em seus lugares na circulação e, com isso, distanciando-se de seu próprio ponto de partida. O dinheiro como meio circulante, mora constantemente na esfera da circulação e movimenta-se continuamente nela. Surge portanto a pergunta, quanto dinheiro essa esfera continuamente absorve.

A quantidade global do dinheiro funcionando como meio circulante, em cada período, é determinada, por um lado, pela soma de preços do mundo das mercadorias circulantes, por outro, pelo fluxo mais lento ou mais rápido de seus processos antitéticos de circulação. A soma de preços das mercadorias depende, porém, tanto do volume como dos preços de cada espécie de mercadoria.

c) A moeda. O signo do valor

Da função do dinheiro como meio circulante surge sua figura de moeda. Assim como a fixação do padrão dos preços, a cunhagem é incumbência do Estado. Nos diversos uniformes nacionais vestidos pelo ouro e a prata enquanto moedas, aparece o divórcio entre as esferas internas ou nacionais de circulação das mercadorias e a sua esfera geral, o mercado mundial.

Se o próprio curso do dinheiro dissocia a existência metálica da existência funcional da moeda, ele já contém a possibilidade de substituir o dinheiro metálico por senhas de outro material ou por símbolos. Elas substituem o ouro naqueles setores da circulação de mercadorias em que a moeda circula com maior rapidez e, portanto, desgasta-se mais rapidamente. Coisas relativamente sem valor, bilhetes de papel, podem portanto funcionar, em seu lugar, como moeda.

O signo do dinheiro só necessita de sua validade social objetiva própria e esta é recebida pelo símbolo de papel mediante o curso forçado. Esse curso forçado pelo Estado rege somente dentro das fronteiras de uma comunidade ou na esfera interna de circulação.

3. Dinheiro

a) Entesouramento

O dinheiro imobiliza-se ou transforma-se de moeda em dinheiro assim que se interrompa a série de metamorfoses e a venda não se completa com a compra seguinte.

Com o desenvolvimento inicial da própria circulação de mercadorias, desenvolve-se a necessidade e a paixão de fixar o produto da primeira metamorfose, a forma modificada da mercadoria. O dinheiro petrifica-se, então, em tesouro e o vendedor de mercadorias torna-se entesourador.

Com as contínuas oscilações da circulação das mercadorias em volume, preços e velocidade, a quantidade de dinheiro em curso diminui e aumenta. É necessário, portanto, que seja capaz de contrair-se e expandir-se. Assim, é necessário que o quantum de ouro e prata existente num país exceda o quantum absorvido pela função monetária. Essa condição é satisfeita por meio do dinheiro em forma de tesouro.

b) Meio de pagamento

Com o desenvolvimento da circulação de mercadorias, desenvolvem-se condições em que a alienação da mercadoria separa-se temporalmente da realização de seu preço. Uma mercadoria nasce no lugar de seu mercado, outra tem de viajar para um mercado distante. Por outro lado, vende-se, por exemplo, uma casa por determinado espaço de tempo. Somente após o decurso do prazo fixado recebe o comprador realmente o valor de uso da mercadoria. O vendedor torna-se credor, o comprador, devedor. O dinheiro assume outra função. Converte-se em meio de pagamento. Cessou o aparecimento simultâneo dos equivalentes mercadoria e dinheiro. O dinheiro já não media o processo.

Com certo nível e volume de produção de mercadorias, a função do dinheiro como meio de pagamento ultrapassa a esfera da circulação de mercadorias. Ele torna-se a mercadoria geral dos contratos. Rendas, impostos etc. transformam-se de entregas em natura em pagamentos em dinheiro.

c) Dinheiro mundial

Ao sair da esfera interna de circulação, o dinheiro desprende-se das formas locais do padrão de preços, moeda, e reassume a forma originária de barras dos metais preciosos.

O dinheiro mundial funciona como meio geral de pagamento, meio geral de compra e materialização social absoluta da riqueza em geral. Do mesmo modo como para sua circulação interna, necessita todo país contar com um fundo de reserva para a circulação do mercado mundial. As funções dos tesouros surgem, assim, em parte da função do dinheiro como meio interno de pagamento ou de circulação, em parte de sua função como dinheiro mundial. Neste último papel sempre é exigida a mercadoria monetária efetiva, o ouro e a prata em pessoa.

Os países de produção burguesa desenvolvida limitam os tesouros maciçamente concentrados nas reservas bancárias ao mínimo requerido por suas funções específicas. Embora haja exceções, o crescimento extraordinário da reserva do tesouro, acima de seu nível médio, indica estancamento da circulação das mercadorias ou interrupção do fluxo de metamorfose das mercadorias.

Bibliografia:

MARX, Karl. O capital: crítica da economia política. O processo de produção do capital. São Paulo: Nova Cultural 1996. v.1 (Coleção Os Economistas).

Rolf Amaro

Nascido em 83, formado em Ciências Sociais, músico, sempre ando com um livro na mão. E a Ana,minha senhora, na outra.

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