O Capital: Taxa e Massa da Mais-Valia

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Resumo de O Capital – Taxa e Massa de Mais-Valia. É o capítulo 9 da obra de Karl Marx. Boa leitura!

Da consideração feita até agora sobre a produção da mais-valia resulta que não se pode transformar qualquer soma de dinheiro ou de valor em capital, mas que essa transformação pressupõe certo mínimo de dinheiro ou de valor de troca nas mãos do possuidor individual de dinheiro ou de mercadorias. O mínimo de capital variável é o preço de custo de uma força individual de trabalho que, dia a dia, é desgastada para a obtenção de mais-valia. O capitalista mesmo pode, como seu trabalhador, participar diretamente do processo de produção, mas então será apenas um meio-termo entre capitalista e trabalhador, um “pequeno patrão”. Certo grau de desenvolvimento da produção capitalista exige que o capitalista possa aplicar todo o tempo, durante o qual funciona como capitalista, isto é, como capital personificado, à apropriação e portanto ao controle do trabalho alheio e à venda dos produtos desse trabalho. O sistema corporativo da Idade Média procurou impedir coercitivamente a transformação do mestre-artesão em capitalista, limitando a um máximo muito reduzido o número de trabalhadores que um mestre individual podia empregar.

O mínimo da soma de valor que deve dispor um possuidor individual de dinheiro ou de mercadorias para metamorfosear-se em capitalista varia em diferentes graus de desenvolvimento da produção capitalista e, dado o grau de desenvolvimento, é diferente nas diferentes esferas de produção, conforme as condições técnicas específicas de cada uma. Certas esferas de produção exigem já nas primeiras etapas da produção capitalista um mínimo de capital que ainda não se encontra em mãos de indivíduos isolados. Isso leva, em parte, o Estado a subsidiar tais particulares.

Dentro do processo de produção, o capital evoluiu para o comando sobre o trabalho, isto é, sobre a força de trabalho em atividade, ou seja, sobre o próprio trabalhador. O capital personificado, o capitalista, cuida de que o trabalhador execute seu trabalho ordenadamente e com o grau adequado de intensidade. O capital evolui para uma relação coercitiva que obriga a classe trabalhadora a executar mais trabalho do que exigia o estreito círculo de suas próprias necessidades vitais. E como produtor de laboriosidade alheia, extrator de mais-trabalho e explorador da força de trabalho, o capital supera em energia, exorbitância e eficácia todos os sistemas de produção anteriores baseados em trabalho forçado direto.

De início, o capital submete o trabalho ao seu domínio nas condições técnicas em que o encontra historicamente. Não altera, portanto, imediatamente o modo de produção. Encarado o processo de produção do ponto de vista do processo de trabalho, o trabalhador se comportava para com os meios de produção não como capital, mas como simples meio e material para sua atividade produtiva racional. Num curtume, por exemplo, trata as peles como mero objeto de seu trabalho. Tudo é diferente quando observamos o processo de produção do ponto de vista do processo de valorização. Os meios de produção transformaram-se imediatamente em meios para a absorção de trabalho alheio. Não é mais o trabalhador quem emprega os meios de produção, mas os meios de produção que empregam o trabalhador, são eles que o consomem como fermento de seu próprio processo vital. Fornos de fundição e edifícios de trabalho que se imobilizam à noite e não absorvem nenhum trabalho vivo são “mera perda” (mere loss) para o capitalista. Por isso, fornos de fundição e edifícios de fábrica constituem um “direito de exigir trabalho noturno” das forças de trabalho. A mera transformação do dinheiro em fatores objetivos do processo de produção, em meios de produção, torna os últimos títulos jurídicos e títulos coercitivos ao trabalho e mais-trabalho alheios.

Bibliografia:

MARX, Karl. O capital: crítica da economia política. O processo de produção do capital. São Paulo: Nova Cultural 1996. v.1 (Coleção Os Economistas).

Rolf Amaro

Nascido em 83, formado em Ciências Sociais, músico, sempre ando com um livro na mão. E a Ana,minha senhora, na outra.

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