História da África, I: A Arqueologia da África e Suas Técnicas – Processos de Datação

COMPARTILHE:
Share

Este é o resumo do capítulo 9 de História Geral da África, organizado pela UNESCO. Boa leitura!

Ao descobrir um artefato, o arqueólogo geralmente começa a estudá-lo através de meios puramente arqueológicos, como o registro da camada em que foi encontrado, a leitura do texto que o acompanha, a descrição de sua forma, o cálculo de suas dimensões, etc. Na maioria dos casos, entretanto, o arqueólogo não consegue encontrar os dados capazes de fornecer uma resposta às suas perguntas ou ajudá-lo a chegar a conclusões satisfatórias. Quando isso acontece, ele tem de submeter sua descoberta a outras disciplinas, para completar a investigação.

A supervisão de sítios arqueológicos enterrados, à exceção das escavações, a conservação dos vestígios e monumentos descobertos são outros campos nos quais as técnicas científicas podem auxiliar a Arqueologia.

Técnicas analíticas usadas em arqueometria

As técnicas de análise têm-se desenvolvido tanto que às vezes é difícil decidir qual delas utilizar no exame de determinada amostra.

Tipo de material analisável: Existe uma grande variedade de materiais arqueológicos. Alguns deles, como alimentos, unguentos, resinas, óleos e ceras, são total ou parcialmente orgânicos. Outros, como metais, pigmentos, cerâmicas, vidro e gesso, são inorgânicos. Os materiais orgânicos são geralmente submetidos a combustão, saponificação, dissolução, radiação infravermelha, análise térmica e cromatográfica. Os materiais inorgânicos são submetidos às análises normais em meio aquoso, à espectrometria, à fluorescência de raios X, à difração de raios X ou à ativação por nêutrons, conforme o tipo de informação procurada.

Apresentação dos resultados Os arqueólogos que vão estudar os resultados da investigação científica e usá-los em seus relatórios e conclusões raramente são cientistas. Convém, portanto, que os resultados lhes sejam apresentados de maneira acessível. Assim, por exemplo, em vez de utilizar submúltiplos do grama, é bem mais útil apresentar todos os resultados em porcentagens, de forma que sejam universalmente compreendidos. Além disso, tal procedimento facilita a comparação dos resultados entre diferentes laboratórios.

Objetivos da análise arqueométrica

Identificação rigorosa dos objetos É essencial que a identificação dos vestígios arqueológicos seja efetuada escrupulosamente, para que o arqueólogo possa descrevê-los com exatidão nas publicações especializa das e nos guias de museus. É do conhecimento da verdadeira natureza das substâncias examinadas que depende o alcance das observações correspondentes.

Tradução de palavras antigas desconhecidas Às vezes, uma identificação correta permite traduzir palavras desconhecidas. Por exemplo, em Saqqara, Egito, foram descobertos dois recipientes de cerâmica na sepultura do rei Hor-Aha (Primeira Dinastia, aproximadamente -3100). Em cada um deles figuravam hieróglifos correspondentes à palavra seret, cujo sentido era ignorado. A análise química revelou que os dois vasos continham queijo; concluiu-se então que seret significava queijo.

Investigação do uso anterior dos objetos examinados Às vezes, é difícil saber com que finalidade determinado objeto era utilizado. A esse respeito, a análise química pode ser de grande utilidade. Em 1956, por exemplo, foi descoberta, na tumba de Neferwptah (aproximadamente -1800), em Faium (Egito), uma grande jarra de alabastro contendo 2,5 kg de uma estranha substância. A análise química revelou que se tratava de um composto de galena (sulfeto de chumbo natural) e de resina, na proporção 1:1, aproximadamente. O exame das prescrições médicas do papiro Ebers permitiu descobrir, sob o n. 402, “um novo (remédio) para remover manchas brancas que apareceram nos dois olhos: kohl preto (galena) e khet’wa (resina) finamente pulverizados e aplicados nos dois olhos”. A partir desse texto e da composição química do material encontrado na jarra, concluiu-se que Neferwptah provavelmente sofria de leucoma em um dos olhos ou em ambos. Por isso, forneceram-lhe uma grande quantidade desse medicamento para uso na vida futura.

Técnicas utilizadas na prospecção arqueológica

O objetivo básico do emprego de técnicas científicas na prospecção do solo é a descoberta de informações sobre sítios arqueológicos enterrados, a fim de preparar ou substituir as escavações. Isso pode economizar tempo, esforços e despesas. A pesquisa arqueológica através dos métodos científicos inclui as seguintes técnicas:

Fotografia aérea Permite uma visão mais distante e mais clara dos pontos onde os vestígios que afloram à superfície parecem juntar-se para formar um desenho mais significativo. Outra vantagem consiste em revelar a existência de vestígios arqueológicos recobertos por terras cultivadas, graças às marcas da vegetação. A configuração geométrica dessas marcas permite o reconhecimento e a escavação de ruínas enterradas.

Análise do solo Vestígios de antigas cidades e de cemitérios podem ser localizados através da análise do solo. Como o fosfato de cálcio é o constituinte principal do esqueleto e dos diferentes detritos deixados pelo homem, sua porcentagem será mais elevada nas áreas antigamente habitadas ou que serviam de cemitério.

Exame magnético É, atualmente, a técnica mais comum em prospecção arqueológica. Consiste em medir a intensidade do campo magnético terrestre nos pontos situados acima da superfície do sítio que se vai prospectar. Essa técnica permite detectar restos enterrados de ferro, estruturas de terra cozida, como fornos, por exemplo, poços cavados na rocha e aterrados, ou ainda estruturas de pedra enterradas em solo argiloso.

Sondagem das pirâmides do Egito através de raios cósmicos Os raios cósmicos consistem em uma corrente de partículas eletricamente carregadas, conhecidas como “mesons-μ” ou “muons”. Os “muons” que atravessarem um espaço vazio (uma câmara, uma passagem desconhecida) sofrerão menor redução de velocidade que os que atravessarem a rocha sólida; assim, os raios cósmicos que passarem através do espaço vazio terão maior intensidade, fenômeno que será registrado pela câmara de faíscas.

Técnicas de conservação

Fragilidade dos materiais Devido ao excessivo calor e à aridez de numerosos países africanos, os artefatos feitos de material orgânico (pergaminho, papiro, couro, madeira, marfim, etc.) tornaram-se extremamente frágeis. Antes de mais nada, é preciso embrulhá-los em panos úmidos, conservando-os por algum tempo em lugar fechado e úmido, ou tratá-los com vapor num recipiente apropriado, para restaurar, total ou parcialmente, sua maleabilidade. Após terem readquirido sua maleabilidade, convém que esses artefatos sejam exibidos ou conservados em museus ou depósitos com ar condicionado.

A violenta deterioração dos monumentos de pedra

Principais causas de deterioração Os principais agentes de deterioração dos monumentos de pedra na África são:

  • migração dos sais: em presença de água ou de umidade, os sais solúveis emigram, por capilaridade, do solo salino para a pedra dos monumentos.
  • intempéries: na África, a pedra é muito afetada pelas excessivas variações de temperatura e umidade, que provocam a ruptura dos elementos superficiais da maioria das rochas.

Paliativos

Certas medidas de ordem mecânica ainda são recomendadas para garantir sua proteção contra os fatores de degradação. Podemos destacar algumas delas:

  • Nenhum produto que possa vedar os poros da pedra deve ser empregado no tratamento das superfícies dos monumentos ao ar livre, diretamente expostos aos raios solares. A camada exterior da superfície correria o risco de destacar-se em escamas.
  • Convém dessalinizar regularmente o solo sobre o qual foram construídos os monumentos. A água utilizada deve ser retirada por um sistema de drenagem adequado.
  • Na medida do possível, os monumentos de pedra devem ser isolados dos solos salinos. Esse isolamento pode ser efetuado com a introdução de uma folha de chumbo ou uma espessa camada de betume sob a estátua, o muro ou a coluna a ser protegida.
  • Quando o monumento contém sais solúveis que podem provocar eflorescência ou criptoflorescência, convém eliminar os sais lavando-os com água, e cobrir as partes atingidas com argila arenosa até que a pedra esteja completamente livre desses sais.
  • Quando o monumento não é muito grande, é possível transportá-lo para um museu ou um abrigo, a fim de proteger sua superfície dos efeitos deletérios da ação climática. Outra solução consiste em conservá-lo em seu lugar de origem e construir sobre ele um abrigo.
  • Quando o teto estiver faltando, deve-se reconstruí-lo, a fim de proteger as pinturas murais ou os baixos -relevos interiores da ação direta da luz solar e da chuva.

Leia a íntegra do texto aqui.

Bibliografia:

ISKANDER, Z. A Arqueologia da África e Suas Técnicas – Processos de datação. In: História geral da África, I: Metodologia e pré-história da África. 2.ed – Brasília: UNESCO, 2010.

Rolf Amaro

Nascido em 83, formado em Ciências Sociais, músico, sempre ando com um livro na mão. E a Ana,minha senhora, na outra.

More Posts

Follow Me:
Twitter

Desabafos

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Time limit is exhausted. Please reload CAPTCHA.