Rousseau: Vida e Obra (Os Pensadores)

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Resumo de Vida e Obra, introdução do volume de Os Pensadores (Abril Cultural) sobre Jean-Jacques Rousseau. Boa leitura!

O DESPERTAR DA IMAGINAÇÃO Jean-Jacques Rousseau nasceu em Genebra, a 28 de junho de 1712. A mãe, Suzanne Bernard falecera durante o parto de Jean-Jacques, que nasceu fraco e doentio. Anos mais tarde, o pai, Isaac Rousseau abandona Jean-Jacques, que ficou sob a tutela do tio Bernard.

PROTESTANTE OU CATÓLICO? Enviado a um asilo destinado a catecúmenos em Turim, foi declarado converso. Anos depois, chega a Paris, onde faz amizade com o filósofo Condillac (1715-1780) e com Denis Diderot (1713-1784), que lhe encomenda artigos sobre música para a Enciclopédia. Em 1745, liga-se a Thérèse Levasseur, com a qual teria cinco filhos, todos entregues a orfanatos, porque achava que não poderia cuidar deles sendo pobre e doente.

FINALMENTE, A GLÓRIA Em 1749, Diderot é preso em Vincennes, onde Jean-Jacques visita o amigo quase todos os dias. Foi numa dessas tardes que respondeu à questão do concurso da Academia de Dijon, “Se o progresso das ciências e das artes contribuiu para corromper ou apurar os costumes”. Recebeu o primeiro prêmio e com ele veio também a fama. Um intermezzo operístico de sua autoria, O Adivinho da Aldeia, é levado à cena em Fontainebleau. Publica a Carta Sobre a Música Francesa, na qual defende o estilo italiano; retorna à fé protestante e escreve dois discursos, Sobre a Origem da Desigualdade e Sobre a Economia Política, o último por encomenda de Diderot para a Enciclopédia. Em 1757, escreve a Carta Sobre os Espetáculos, em que critica um artigo de D’Alembert sobre Genebra. Termina o romance A Nova Heloísa, redige Emílio e o Contrato Social.

PERSEGUIÇÃO E LOUCURA: Os dois livros, publicados em 1762, são altamente ofensivos às autoridades. Ordena-se sua prisão, e Rousseau deixa a França, refugiando-se em Neuchâtel. Escreve a Carta a Cristophe de Beaumont, na qual ataca o arcebispo de Paris por ter condenado o Emílio. Já o livro Cartas Escritas na Montanha, é uma réplica a J. B. Tronchin, que ordenara a queima do Emílio e do Contrato Social.

Em 1764, pôs-se a escrever as Confissões, onde procura explicar sua vida e pensamento. Na França, publicou o Dicionário de Música. Casa-se com Thérèse Levasseur. Tenta justificar-se diante do mundo escrevendo os Diálogos e Rousseau, Juiz de Jean-Jacques. A última obra técnica seria Considerações Sobre o Governo da Polônia, a pedido do conde Wielhorski, que desejava conselhos para reforma das instituições políticas de seu país. Rousseau escreve Devaneios de um Caminhante Solitário, que contém descrições da natureza e dos sentimentos humanos. Em 2 de julho de 1778, falece em Ermenonville e é enterrado na ilha dos Choupos.

NATUREZA OU CIVILIZAÇÃO? É possível trazer à tona alguns elementos estruturais e certos temas dominantes na obra de Rousseau. O primeiro desses elementos estruturais é a antítese entre a natureza do homem e os acréscimos da civilização. A civilização é vista como responsável pela degeneração das exigências morais profundas da natureza humana e sua substituição pela cultura intelectual. A uniformidade artificial de comportamento, imposta pela sociedade, leva as pessoas a ignorar os deveres humanos e as necessidades naturais.

A vida do homem primitivo, ao contrário, seria feliz porque ele sabe viver de acordo com suas necessidades inatas. Ele é autossuficiente porque vive no isolamento das florestas, satisfaz as necessidades de alimentação e sexo sem maiores dificuldades, e não é atingido pela angústia diante da doença e da morte. Contudo, o homem, para Rousseau, não se regenera com o retomo à vida no meio das florestas. No estado social, ele adquire capacidade de desenvolver-se mais rapidamente, ampliação dos horizontes intelectuais etc. O propósito visado por Rousseau é combater os abusos e não repudiar os mais altos valores humanos.

O retorno à pureza da consciência natural é o dever fundamental de todo homem, segundo Rousseau. Ele vê o sentimento como instrumento de penetração na essência da Interioridade, sendo possível compreender toda a Natureza. Isso permite o homem alcançar a consciência da liberdade e ter consciência de sua unidade com os semelhantes e com a universalidade dos seres.

DEFENDENDO A PUREZA INFANTIL Rousseau desloca, assim, o centro de gravidade da reflexão filosófica. Em primeiro lugar, não é razão, mas o sentimento o verdadeiro instrumento de conhecimento; em segundo lugar, não é o mundo exterior o objeto a ser visado, mas o mundo humano. Dessa forma, o traço mais significativo do pensamento de Jean-Jacques Rousseau passa a residir nos caminhos práticos que ele procurou apontar para o homem alcançar a felicidade, tanto no que se refere ao indivíduo quanto no que se relaciona à sociedade. No primeiro caso, formulou uma pedagogia, que se encontra no Emílio; no segundo, teorizou sobre o problema político e escreveu o Contrato Social, além de outras obras menores.

O Emilio é um ensaio pedagógico sob forma de romance e nele Rousseau trata dos princípios para evitar que a criança se torne má, já que o pressuposto básico do autor é a crença na bondade natural do homem. Os objetos da educação, para Rousseau, comportam dois aspectos: o desenvolvimento das potencialidades naturais da criança e seu afastamento dos males sociais.

A LIBERDADE É O SUPREMO BEM Em todas as obras de Rousseau, os processos educativos, tanto quanto as relações sociais, são sempre encarados do ponto de vista da noção de liberdade, que lhes pertence. Renunciar a ela é renunciar à própria qualidade de homem. Rousseau reivindica a consciência da dignidade do homem em geral, cuja consciência moral se traduz na universalidade do amor de si. No pensamento de Rousseau o amor de si é a ponte que liga o eu individual ao eu comum, a vontade particular à vontade geral.

A realização concreta do eu comum e da vontade geral implicam necessariamente um contrato social, ou seja, uma livre associação de seres humanos, que deliberadamente resolvem formar um certo tipo de sociedade. Aceitando a autoridade da vontade geral, o cidadão adquire liberdade obedecendo a uma lei que prescreve para si mesmo. A concepção rousseauniana do direito político é, portanto, essencialmente democrática, na medida em que faz depender toda autoridade e toda soberania de sua vinculação com o povo em sua totalidade. A soberania pode, contudo, ser delegada em suas funções executivas; nascem, assim, os governos.

A HERANÇA DE ROUSSEAU A influência de Rousseau se estende aos mais diversos campos. Os princípios de liberdade e igualdade política, formulados por ele, constituíram as coordenadas teóricas dos setores mais radicais da Revolução Francesa (Robespierre era seu fervoroso seguidor) e inspiraram sua segunda fase, quando foram destruídos os restos da monarquia e foi instalado o regime republicano. A valorização rousseauniana do mundo dos sentimentos, em detrimento da razão intelectual, e da natureza mais profunda do homem, em contraposição ao artificialismo da vida civilizada, encontra-se na base do movimento romântico que caracterizou a primeira metade do século XIX.

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Bibliografia:

ROUSSEAU, Jean-Jacques. Vida e obraSão Paulo: Abril Cultural (Col. Os Pensadores), 1978.

Rolf Amaro

Nascido em 83, formado em Ciências Sociais, músico, sempre ando com um livro na mão. E a Ana,minha senhora, na outra.

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