Dicionário do Pensamento Marxista: Jean-Paul Sartre

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Resumo do verbete Jean-Paul Sartre, presente em Dicionário do Pensamento Marxista, organizado por Tom Bottomore. Boa leitura!

(Paris, 21 de junho de 1905 – Paris, 15 de abril de 1980). Filósofo, romancista, dramaturgo, ensaísta e crítico literário, Sartre foi provavelmente o intelectual mais influente e conhecido dos tempos modernos, dado o impacto imediato de sua atuação sobre os acontecimentos.

Defensor de muitas causas nobres, frequentemente entrou em choque com as autoridades e instituições do poder. Rejeitou todas as honras oficiais, inclusive a participação na Academia Francesa, e o Prêmio Nobel. Foi, durante muitos anos, “simpatizante” do Partido Comunista Francês, com quem rompeu depois do movimento de maio de 1968 na França. Depois de maio de 1968, apoiou os maoístas e outros pequenos grupos, defendendo perspectivas políticas anarquistas libertárias para o futuro. Ao morrer, Sartre era uma figura solitária numa época em que os “novos filósofos” estavam em moda na França, mas seu enterro foi acompanhado por dezenas de milhares de pessoas, e foram-lhe prestadas homenagens em todo o mundo.

Formado pela École Normale Supérieure, lecionou filosofia na década de 1930, apresentando em sua obra uma fusão original de literatura e filosofia cuja maior expressão encontra-se em La nausée (1938), aclamado pela crítica.

O poder da evocação literária sempre foi um dos traços mais relevantes de suas obras, não só das de ficção, como é o caso de seu ciclo de romances, a trilogia Les chemins de la liberte (1945-1949), de suas peças de teatro (Hui clos, 1944; Les mains sales, 1948; Le diable et le Bom Dieu, 1951; Lés séquestré d’Altona, 1959), mas também de seus estudos biográficos (Baudelaire, 1947; Saint Genet. 1952; o autobiográfico Les mots, 1963; e L’idiot de la famille: Gustave Flaubert de 1821 à 1857, 1971), de seus numerosos ensaios críticos (reunidos nos dez volumes de Situations publicados entre 1947 e 1976) e até mesmo de suas obras filosóficas mais abstratas desde La transcendence de l’Ego (1937) ate a Critique de la raison dialectique (1960).

Em suas obras filosóficas Sartre propôs uma versão acessível e politicamente ativista do existencialismo. Influenciado por Descartes, Kant, Hegel, Husserl e Heidegger, postulou uma “filosofia da liberdade”, insistindo na responsabilidade total de todos para com “a totalidade da humanidade”. Numa das suas primeiras obras, intitulada Esquisse d’une théorie des émotions (1939), apresentou uma concepção antifreudiana da consciência e da liberdade, desenvolvendo essa mesma posição em L’être et le néant (1943), uma obra maciça em que mostrou “a solidão ontológica do ser para si”, insistindo em que “o Outro é uma hipótese a priori sem nenhuma justificativa, exceto a unidade que ele permite operar em nossa experiência”.

Em sua fase de aproximação com o marxismo, Sartre iniciou um projeto de “tornar a história Inteligível” em Critique de la raison dialectique (1960), que pretendia ser originalmente uma “critica da razão histórica”. Mas como ele conservou a solidão ontólgica de L’être et le néant como a base de sua concepção da história e da antropologia, seu “projeto marxizante” (a expressão é de Sartre) acabou sendo a maior obra kantiana do século XX, limitada à investigação das “estruturas formais da história”, em sua circularidade, prometendo, sem nunca realiza-la, a demonstração do “verdadeiro problema da História (…) de suas forças motoras e de sua direção não-circular” num segundo volume.

A maior influência exercida por Sartre foi como moralista apaixonado. Nesse sentido, bem como em vários outros, sua obra lembra a de Voltaire, por ter afetado vigorosamente as preocupações morais e intelectuais de sua época.

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Bibliografia:

BOTTOMORE, Tom. Dicionário do pensamento marxista. Trad. de Waltensir Dutra. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.

Rolf Amaro

Nascido em 83, formado em Ciências Sociais, músico, sempre ando com um livro na mão. E a Ana,minha senhora, na outra.

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